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Companheiras mostram que não existe “trabalho de mulher”

Por Auris Sousa | 09 mar 2016

Mulher em Foco logoJá foi o tempo em que as profissões eram exclusivamente masculinas ou femininas. A cada ano mais mulheres buscam cargos que antes eram ocupados apenas por homens, e provam que são tão competentes quanto eles na hora de desempenhar as mesmas funções. 

Vanessa Moura, de 28 anos, é uma das mulheres que conquistou e agarrou este espaço, mesmo diante dos desafios. Há quase três anos, ela opera empilhadeiras na Cinpal, em Taboão da Serra, e lembra que sua estreia na empilhadeira não foi bem vista por todos.

“A princípio eu ia trabalhar [como operadora de empilhadeira] na expedição, mas eu soube que teve resistência de um colega, que não aceitou a minha presença, por eu ser mulher”, contou Vanessa. Segundo ela, era um preconceito, disfarçado de cuidado. Isso porque na expedição, a companheira teria que transportar peças prontas, diferente do Setor de Eixos, onde ela atua. Mas nem por isso ela desistiu, aproveitou a confiança dada pela empresa, e provou sua competência. 

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A companheira já foi babá e auxiliar de escritório, mas foi na metalurgia que se realizou profissionalmente. A migração para esta área se deu, principalmente, por conta do salário. E Vanessa quer mais: “Fiz curso de Solda no Senai, e quero uma chance. Consideravelmente o salário é melhor, e me identifico com o setor”, explicou. 

Na Cinpal ela também é cipeira e faz parte da brigada de incêndio. “Adoro me envolver, e adoro desafios”, ressaltou ela, que pretende ingressar em breve num curso superior. 

Para estimular a igualdade de gêneros na categoria, a nossa Convenção Coletiva orienta as empresas a contratarem mulheres. E graças a isso, há oito anos, Claudia Pereira, de 37 anos, é operadora de prensa na Mecano Fabril, em Osasco. “Não quero mais sair deste ramo”, afirmou ela, que não se intimida de ser a minoria entre os homens e de ter que lidar com a graxa. “Para mim, o importante é receber no final do mês”, simplificou. 

Mas Claudia sabe que nem sempre é assim. “A gente quase não tem espaço no mercado de trabalho, principalmente na indústria, ainda temos muito que avançar”.

Desafios – Apesar da crescente presença feminina na metalurgia, ainda há uma divisão de funções muito grande dentro do setor. A maioria das companheiras atua em funções que são tradicionalmente menos remuneradas, como auxiliar de produção. Além disso, na média, elas, apesar de terem mais escolaridade, ainda ganham menos que eles, mesmo quando desempenham a mesma função. No Brasil, o salário das mulheres equivale a 74% do recebido pelos homens. 

Uma companheira que também trabalha na Mecano, mas não quis se identificar, reconhece que a empresa dá oportunidades, mas para poucas mulheres.

“Falta dar oportunidade para todas, e reconhecimento também. Aqui na empresa, somos a maioria no setor de qualidade, mas não somos reconhecidas, dizem que a gente não dá produção. Mas, se não fosse a gente, as peças poderiam sair com defeitos. No fim, somos um setor importante para a empresa”, avaliou.

A trabalhadora também reconhece a desigualdade de gênero. “Outro grave problema é a diferença dos salários de homens e mulheres. Fazemos as mesmas coisas e recebemos menos. É muito desigual, chega a ser triste”, concluiu.

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Este texto faz parte da série de reportagens que são publicadas neste mês de março em cada edição do Visão Trabalhista e também no programa Visão Trabalhista Entrevista, na TV Osasco, e no www.sindmetal.org.br.

A primeira matéria foi sobreDesemprego e desigualdade de renda atrapalham avanços das mulheres

 

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18