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Mudança de nomes de ruas e memorial são sugestões da CMVO à Prefeitura

Por Cristiane Alves | 20 out 2015

A divulgação do que é uma ditadura é o principal pedido da CMVO (Comissão Municipal da Verdade de Osasco) à gestão municipal, quer por meio da construção de um memorial em homenagem aos lutadores, quer pela mudança de nomes de ruas na cidade que hoje fazem referência ao golpe militar. Essa foi a principal recomendação apresentada pelos membros da Comissão ao prefeito Jorge Lapas, em evento realizado na noite de segunda-feira, 19, em Osasco.

Uma das sugestões é alterar o nome da Praça 31 de março, para os militares, dia da deflagração do golpe, chamado por eles orgulhosamente de “revolução”. “Acredito que depois da entrega dessas recomendações nunca mais teremos que passar vergonha ao ir de Osasco ao Km 18 e ter de passar pela Praça 31 de março, a praça da covardia e da mentira. Ela poderia se chamar praça da Verdade”, indicou Antonio Roberto Espinosa, conselheiro da CMVO, ex-preso político e uma das lideranças da Greve de Osasco. Na verdade, o desfecho do golpe foi em 1º de abril, dia da mentira.

As recomendações partem do trabalho de um ano de análise das graves violações praticadas pelos militares contra trabalhadores, estudantes, entidades de Osasco, identificadas por meio de depoimentos e documentos obtidos no Arquivo do Estado, pertencentes ao Dops (Departamento de Ordem Política e Social) e ao arquivo da Câmara Municipal de Osasco. Embora a CMVO tenha buscado ouvir os militares apontados como torturadores, estes se recusaram a comparecer a audiências para prestar depoimentos, ou seja, suas versões dos fatos. “Cumprimos a missão de assegurar a todos os cidadãos o direito a memória para que isso fortaleça a luta para que atos como aqueles nunca mais aconteçam”, avaliou o coordenador da CMVO, Murilo Leal.

Coordenador da submissão de Entidades Civis, o presidente do nosso Sindicato, Jorge Nazareno, também recomendou que aja um comprometimento do Poder Público e imprensa regional com a divulgação das constatações da CMVO. Outra recomendação é o incentivo a organização nas escolas. “Hoje, não vemos mais os grêmios estudantis ativos nas escolas. A Secretaria de Educação pode incentivar o protagonismo dos nossos jovens já a partir da escola”, defendeu.

Isso porque um dos germes da construção da Greve de Osasco, foram os operários estudantes que tinham nas escolas de Osasco o seu celeiro de debate político. Assim como a UEO (União dos Estudantes de Osasco) também teve um protagonismo tão importante, que não passou desapercebido dos militares, tanto é que seu presidente foi preso e a entidade foi cassada pelos militares.

A repressão ao movimento estudantil, sindical e popular foi o objeto das investigações da subcomissão Entidades Civis coordenada por Jorge. O relatório com toda as conclusões dessa e das demais subcomissões será concluído até dezembro.

Desistir jamais – Num momento em que muitos querem depor a presidenta Dilma Rousseff – sem que haja provas concretas que possam colaborar para um processo de impeachment – ou que brasileiros vão às ruas com cartazes em punho pedindo a volta da ditadura, é necessário contar a geração que cresceu sob a Democracia, o que, de fato, representa o regime de exceção.  “A situação do nosso país é muito grave porque, apesar desses 50 anos de luta, nós não conseguimos implantar uma democracia que impedisse que loucos pedissem a volta da ditadura. Só tem um jeito, não desistir de lutar”, avaliou o ex-coordenador da Comissão Estadual da Verdade de SP, Adriano Diogo, que também foi preso político.

Acesse aqui os depoimentos concedidos a CMVO, durante o levantamento.

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18