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Morte na Cobrasma: o luto vira luta

Por Felipe | 12 jun 2018

Quando o apitou soou na manhã de 16 de julho de 1968, a Cobrasma parou. A histórica greve começara ali, mas as raízes dela corriam mais fundo no tempo, passando por um dia tenebroso da história dos metalúrgicos, mas que, infelizmente, era muito recorrente: o dia em que um operário morreu em um acidente de trabalho.

Um jovem assistente de forneiro trabalhava perto demais do forno quando o refugo foi despejado. No meio do metal havia algo que não deveria estar ali, e as consequências foram desastrosas. Em segundos, uma reação química aconteceu e chamas enormes surgiram, engolindo o garoto.

Gravemente queimado, havia pouco o que fazer. Em questão de horas o operário estava morto e seu futuro encerrado precocemente, graças à irresponsabilidade dos patrões em sua busca incessante pelo lucro. “Disseram que dava para ver o osso do rapaz”, disse João Joaquim Silva, diretor do Sindicato em 1968 e companheiro de fábrica.

Diante do choque, os metalúrgicos se organizaram em solidariedade e pararam a fábrica no momento em que começou o cortejo fúnebre. O corpo seria enterrado, mas a história do operário continuaria viva na memória de seus companheiros.

Os patrões torceram o nariz, é claro. Assustaram-se com a manifestação e logo quiseram saber quem eram as cabeças por trás daquilo, mas não havia líderes: todos ali estavam unidos pelo luto e pela luta, exigindo uma fábrica em que pudessem trabalhar a salvo, sem correr o risco de deixar as esposas viúvas e os filhos órfãos. Hoje já avançamos muito, se compararmos com essa época, mas devemos continuar atentos – tanto com nossa segurança quanto com nossos direitos.

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #22