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Metalúrgicos reclamam da demora em perícias

Por DiarioSP | 19 mar 2014

Homem perdeu as mãos em acidente em fábrica há 77 dias, mas até hoje a máquina não foi avaliada

Ministério do Trabalho admite a demora das perícias devido à falta de servidores

Mais de 100 casos de acidentes foram relatados ao Ministério do Trabalho nos últimos quatro anos – sendo 12 fatais – pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco. Em todos eles, o resultado da perícia tem demorado e muitas vezes a espera chega a seis meses.

No acidente mais recente, o auxiliar de produção Ricardo Cesar Coura teve as duas mãos amputadas. O rapaz estava há apenas 14 dias trabalhando na empresa Huffix, em Santana do Parnaíba. E, embora o acidente tenha ocorrido no dia 30 de dezembro de 2013, a máquina que ele operada ainda não foi fiscalizada pelo Ministério do Trabalho.

“Quando chegar lá, vai encontrar o que para analisar? Só se acontecer um acidente novamente”, disse Carlos Clemente, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco. Para ele, estes atrasos prejudicam muito os direitos dos trabalhadores vitimados e principalmente a segurança dos outros colegas de profissão.

“É um desastre não chegar na hora. Se o fiscal não chega logo, a cena é modificada, principalmente em caso de morte. Além disso, a empresa prepara as testemunhas, os funcionários são ligados à empresa, ou seja, existe o tempo para uma fala ensaiada e isso coloca em risco a vida dos outros colaboradores que atuam no mesmo setor”, afirmou o sindicalista.

Sobre o caso em que houve a amputação das mãos de seu funcionário, a Huffix afirmou em nota que “lamenta a fatalidade ocorrida nas dependências de sua unidade industrial e informa que vem prestando toda a assistência necessária à vítima. Em respeito ao colaborador acidentado e para não expô-lo, aguarda a conclusão dos laudos para manifestar-se sobre o caso e se compromete a cumprir o que for determinado pelos órgãos competentes”.

Ministério /O Superintendente Regional do Trabalho, Luiz Antonio de Medeiros, admitiu a existência dos atrasos. “A verdade é que o Ministério do Trabalho não tem funcionários. Das pessoas que entraram no último concurso, boa parte já saiu porque a Justiça, a Receita Federal pagam melhor. Temos poucos auditores para fazer perícia em acidentes de trabalho, análise de FGTS, fiscalização do uso de trabalho escravo. É uma penúria. O ministro está ciente”, concluiu.

Versão impressa:

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18