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Comissão de Osasco apresenta relatório preliminar

Por Cristiane Alves | 09 dez 2014

Os prejuízos causados pela ditadura a cidade de Osasco e a seus moradores vão desde a tortura a jovens estudantes e trabalhadores e chegam ao tolhimento institucional das instituições políticas da cidade. É o que demonstra o relatório preliminar da Comissão Municipal da Verdade de Osasco, apresentado na segunda-feira, 8, em audiência na Câmara de Osasco.

Em 100 dias de atividades, a CMVO coletou diversos depoimentos de trabalhadores que participaram da Greve de Osasco (de 1968), estudantes, artistas e dirigentes de entidades como o nosso Sindicato e da UEO (União dos Estudantes de Osasco).

Além disso, também levantou informações sobre locais de tortura como a Casa de Itapevi, para onde militantes do PCB (Partido Comunista do Brasil) foram levados e desapareceram. Também foi possível chegar a lista de torturados contra militantes de Osasco.

A investigação se dá por meio de Subcomissões. Uma delas é de Entidades Civis, cujo responsável é o presidente do Sindicato, Jorge Nazareno, e é encarregada de identificar as entidades perseguidas pelos militares.

A partir de documentos pertencentes ao Dops (Departamento de Ordem Política e Social) e ao Ministério da Aeronáutica, a subcomissão concluiu que diretores da Cobrasma, Lonaflex, Braseixos, Brown Boveri delataram trabalhadores a repressão, contribuindo para a perseguição realizada contra eles.

Também foi possível identificar nomes de trabalhadores presos e indiciados por conta da greve. Por conta disso, estes trabalhadores criminalizados pelo regime, não mais conseguiram empregos em metalúrgicas e, junto de suas famílias, foram alvo de preconceito.

Para a membro da CNV (Comissão Municipal da Verdade), Rosa Cardoso, o relatório acrescenta ao conteúdo produzido pela própria comissão nacional. “O trabalho da Comissão de Osasco apresenta originalidade muito significativa, porque a CNV recebeu a atribuição de focar graves violações [aos direitos humanos]. Mas ao mesmo tempo, contribuições do GT dos trabalhadores e deste estudo vão no sentido de ver o que foi feito em relação a demissões, cassações, exigências de antecedentes, monitoramento permanente [dos trabalhadores]. Está muito bem construído”, avaliou.

Não para por ai – Mas, os trabalhos não terminaram, terão continuidade ao longo do primeiro trimestre de 2015. Para Antonio Roberto Espinosa, militante da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) e uma das lideranças da Greve de Osasco, as tarefas passam pela divulgação dos resultados, pela busca da punição aos envolvidos e pela mudança na cultura autoritária que permeia a formação dos militares. “Uma concepção de disciplina que brutaliza os subordinados. É um risco para sociedade porque podem voltar às nossas cabeças”, afirmou Espinosa, que ficou preso por quatro anos e cujo pai foi sequestrado pelos militares.

A CMVO apresentou recomendações a CNV, que incluem a divulgação dos resultados das investigações e também providencias como a criação de um Centro de Memória e a mudança de nomes de ruas e praças que homenageiem torturadores e generais.

Jornal Visão Trabalhista EDIÇÃO #18